domingo, 18 de fevereiro de 2018

Ventania


Obra de Anita Malfatti. A Ventania. 1915-17. óleo s/ tela (51x61). Col. Palácio dos Bandeirantes, SP. 


A terra seca deste solo
Esparsa aos ventos
Espraia sobre os polos
Empoeira o clima dos momentos...

As flores e ervas se dispersam
O ar as empurra; balançam.

Seca-se meu respirar
Com a ventania de ímpetos grãos.

Num redemoinho de pensamentos
Se viram e reviram razões!
O vento aqui se aglomera em círculos
E leva o átomo das presentes emoções.

Lucas Costa

Ornatos de utopia


Era de glória, de euforias vazias,
de conhecimentos infindos
Desenvolveram-se grandes tecnologias,
estreitaram-se os mundos.

Era uma vez...

O foco sobre o símplice,
pois prefere-se ornatos de utopia.
É preciso revelar o estrado do coração
apascentar, desesconder o solo da emoção.

Nessa terra seca, deserta,
Seja feliz intensamente
Só por se ter a semente.
Regue, cultive bem, carregue firme...
A vindoura raiz.

Encantarás com o resultado
Ao sair detrás desse ornato.


Lucas Costa

Véu da razão


Tinindo este véu:
Arrevesado, remendado
Véu que fecha transparente
O olhar agolpeado
Quem sabe se enxerga mais a razão?

Razão, além vais!
Vai além da razão?
Transpassa aquele véu, presente
Arrevesado, remendado
Véu que cobre transparente
As pupilas da razão.
Véu que todo mundo sente:
Emoção. 


Lucas Costa

Onda de poesia II



O cenário é diferente...

Nesse céu de negritude
Cada piscar distante
Reflete brilho resplendente,
Avisto um léu de infinitude!

Aos meus pés têm só areias
Infindas como as estrelas...
Regurgita o imenso mar,
O posso mensurar?

Essa onda de poesia
Ruge e me enuncia,
Na ressaca que assisto:
‘És um piscar, um grão
um átomo a nadar
Em meio ao...
INFINITO.'

Lucas Costa

Onda de poesia I




Em meio aos finos grãos de areia, ávido.
Uma concha coloco em meu ouvido
ouço chiado...

Som de águas turbulentas:
Shuá...Shuá....

Destes mares com marés
Olho, vejo a ressaca, sussurrando: aguente,
bravas ondas vêm a frente!

Vem em mim, em mim afasta
os maus ventos, a nefasta.

Lucas Costa

Ressaca: Movimento de recuo das ondas.
Nefasta: Coisa ruim; desgraça.

Símplice



...Depois que tudo se sacode
Ao que é simples, dou mais atenção,
ao que tenho de mais importante.
Entendo que um sorriso,
um abraço, um gargalhar,
um simples aperto de mão...
Dinheiro nenhum pode comprar
São essas atitudes, singelas ações
que fortalecem a amizade
entre a família, as relações.
Dão doçura, sabor;
são tesouros de inestimável valor!

Lucas Costa

Sopro de saudade



Vento suave e frio que me embala, relento.
Esse escuro céu do momento, nubla-me,
traz-me ao que recordo seu alento...

Invade em mim uma nostalgia,
arregalo os olhos, olhos sem euforia
Vejo um passado que voou cinzento,
voou nas asas desse tempo.

Pra nunca mais voltar,
o que já foi por vir enganchou-se
lá em meus pensamentos, em papéis.
Pra ficar, alojou-se lá.

Vento que me embala, com suavidade,
faz em meu sangue
Pulsar saudade.

Lucas Costa


Vitamina D'ourar





I

Sol cálido, refulgente,
tácito, resplandecente.
Traz seu brilho dourado,
inspira no poeta, um bocado...

Sol, em mim revive vitamina D
“D” de dourar instigando solidez.
Doura não em vão,
força, intrepidez,
aparta de mim a escuridão.

II [Sol tocantinense]

O Tocantins é terra rica
Rica em ‘vitamina Dourar’
O sol fica ao nosso lado...
Eita, povo acalorado!

Aqui dentre os seres,
Os raios de rachar
Estancam a frieza!

Aqui, eles,
Até num destoar
Reforçam nossa beleza!

Sol, braveza desse povo
pertence ao estado novo.
Símbolo nosso é o Girassol.
Tocantins, Terra do Sol!

Lucas Costa

Des-máscara

Se o que predicas, não práticas
Se no que fazes, não há gana
Se no que crês, há dúvida
Vives tu?


Lucas Costa

Palavras lá havia



Fértil. Palavras enclausuradas,
reviradas, embromadas
Mente vaga em: imaginação,
máximas, conceitos, intenção...

Entre o tudo e o nada:
O vazio e o cheio.
Palavras reversas transtornadas,
imaginação em recreio.

Sobre o nada e o tudo:
célebres, bem reputadas, refúgios,
expectantes, adágios,
máximas de um estudo.

É ou não é, ao aludir.
Isso ou isto, visto.
Repetir. Decorebas sem remir.
Conceitos bem falados, renovados.

Entre simbolismos, letras, fantasia...
Sem ou com intenção,


Palavras lá havia.

Lucas Costa